Mesmo antes disso, as terras que viriam a se tornar nosso município já eram conhecidas pelos nativos como "maricahaa ", como pode ser visto nesses escrito de Luís Teixeira, datado entre 1573/1578.
O conquistador branco antes de sua chegada à Baía do Rio de Janeiro, conheceu nossa costa primeiro nesse percurso e nossas ilhas viraram referência em mapas, pois estamos no meio do caminho entre as duas localidades que se distinguiram pela altura do descobrimento, Rio de Janeiro e Cabo Frio.
Em um mapa da biblioteca de Lisboa, datado do período de 1573/1578, podemos observar que após" Piratininga ", já encontramos nele nossas ilhas " demaricahaa ", antes da "terra q vai do cabo frio ". Muitos locais novos à serem nomeados, foi mais fácil ao branco manter o nome de muitos lugares do jeito como os nativos os chamavam.
Ampliando um detalhe ao se observar o mapa, uma saída de rio existia bem na direção de nossas ilhas, e disso só localizamos algum vestígio em outro mapa, da déc. de 50/60 do século XX. Desse curso de água não temos mais vestígios externos aparentes no presente, se existiu realmente o mar fechou o acesso pelo seu lado, e nossa lagoa mais tranqüila, fechou o seu lado posteriormente.
O X vermelho informa a presença do primeiro sinal de nossas ilhas, e pelo formato curvo do que restou de tal canal, mais os dados recentes da existência esporádica de um laguinho central formado pelo acúmulo de água de chuva nessas paragens interiores de nossa restinga, supomos que se houve, sua saída para o mar seria na direção dessa primeira ilha, o que coincide com a abertura que aparece no mapa de 1573.
Ao conquistador que passasse por nossas costas, nossas lagoas estariam escondidas pela vegetação, e um canal que viesse da lagoa ou de um laguinho central, visto do mar se pareceria em tudo com uma saída de rio. Mas na área hoje totalmente seca, em que supomos ter existido as margens desse canal, cacos de cerâmica européia de várias épocas foram encontrados, o que nos indica que em tempos históricos passados, algum motivo levou gente do mundo civilizado daqueles tempos, a transitar por aquelas áreas ermas dali.
Alguns cacos antigos de uma espécie de porcelana grosseira foram encontrados ao redor da área em que tal canal pode ter existido.
Cabe lembrar aqui, antes de se continuar a contar a história do município, que os portugueses que primeiro vieram ter às terras de Santa Cruz, eram inicialmente conquistadores e não colonizadores, todos fiéis vassalos de El-rei de Portugal.
Falavam muito em honra e glória, desejavam ampliar os domínios da cristandade, mas até Camões em seus versos, (Lusíadas, canto IV, 96) embutiu que esses conquistadores já traziam os olhos dilatados pela cobiça.
E ninguém embarcava com destino às novas terras com a idéia de não voltar à pátria lusitana, inclusive muitos dos degredados embarcados à força nessas viagens.
Durante aqueles primeiros 25 anos, Portugal talvez tenha mandado duas ou três caravelas anualmente, despejando em nosso país a vaza e o enxurro de sua sociedade, que com seu comportamento inadequado se transformaram num problema paralelo aos índios, pois tumultuavam a vida dos povoados, fugiam, enganavam índios, em tudo colaboraram para que a idéia do branco bonzinho se desvanecesse dos nativos.
Da população branca daqueles primeiros tempos, quase sua totalidade era formada dessa escória de gente, e sendo Maricá no caminho do Rio para Cabo Frio, supomos que muitos desses degredados passaram ou ficaram por aqui, no caminho de sua fuga ou tentativa clandestina de embarcar nos navios que partiam de Cabo Frio.
Cacos de cerâmica tupi também são encontrados nessa área.
Passada uma vista de olhos pelas terras recém descobertas, a ilusão de fartura de ouro esmaecida, não fossem as incursões dos franceses ameaçando se apossar dessa nova conquista dos portuguêses, a côrte nem se lembraria de dar início ao povoamento.
Cerâmica tupi pintada de vermelho.
Cerâmicas antigas de procedência a ser identificada foram encontradas também.
Um caco de uma cerâmica moldada em torno, bem desgastado pelo tempo.
Já os registros de núcleos de ocupações começam em 1598, nas localidades de Imbassaí, Manoel Teixeira e Araçatiba.
Muita coisa da história passada do município ainda vai ser levantada, e nessas peças de quebra-cabeças de fatos em formato de páginas, vários aspectos dessa nossa história aos poucos serão repassados.